Seguro na caneta que mais gosto, oferecida por alguém muito especial, e escrevo sobre ti e sobre a Páscoa.
Páscoa, época do ano mais difícil de gerir emocionalmente, após a tua partida, Mãe.
Ainda não tinha conseguido construir esta frase, na minha cabeça ... A tua partida...
Inicialmente fingi que ainda cá estavas, depois evitei falar no assunto, depois comecei a falar mas transformava-me.... transformo-me num bloco de gelo, para que os olhos não se modifiquem para enormes lagos.... agora já consigo escrever sobre ti.... vai melhorar com o tempo....não vai?!
Nesta segunda Páscoa já não estou dentro daquilo que parecia um sonho, é tudo muito real, a casa já não tem o mesmo cheiro, já não se fazem bolos e pão no forno a lenha mesmo atrás do meu quarto (acordar com o cheirinho a pão acabadinho de fazer...hummm) no sábado, já não vamos as duas á missa deste mesmo dia á noite, coisa que só fazia uma vez por ano e porque era contigo, já não acordo ensonada com o sino da igreja e corro para me vestir porque o padre esta a chegar (primeira casa da visita pascal!), já não se come queijo da serra com pão-de-ló com a casa cheia logo pela manhã, já não adormeço no sofá com o mano a ver os desenhos animados logo após todos saírem para as suas casas para se prepararem para o mesmo....visita pascal!!
Já não há família, amêndoas, abraços, discussões sobre o tema de sempre, Beijar ou não a cruz e quebrar com a tradição...á qual tu respondias... "calem-se todos"!!
No natal tudo continua o mesmo, excepto tu, mas a Páscoa eras tu. Com a consciência que tudo muda e que temos que nos adaptar a novas realidades, parte do meu mundo ficou no passado demasiado depressa e eu ainda estou em processo de adaptação a uma nova realidade... sem ti, o teu pão e os teus beijos melados e repenicados!
Falar sobre ti será sempre um acto de coragem! Obrigada Mãe!
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